sexta-feira, 8 de julho de 2011

Um relato

“Caro Moacir, obrigada por este espaço de esclarecimentos, desabafos e notícias! Se puder postar meu desabafo em seu blog, agradeço!!!  Mais um dia lindo de passeata pacífica! Hoje contamos com um número menor do que no dia 09/06, é verdade! Porém, a emoção desta vez foi muito maior. A maioria dos presentes votaram pela continuidade da greve justamente porque o foco desta está sendo desviado: Piso na carreira! Muitas regionais estão votando pela suspensão da greve, porém, hoje, em conversas informais com professores destas regionais, tivemos a informação de que, Lages por exemplo, estava dividida meio-a-meio durante a assembleia. Assim como em Lages, essas informações se repetiram com professores de outras regionais. Portanto, não importa o número de regionais que optaram pela suspensão e sim o número de professores que fizeram esta opção, e este é bem reduzido. QUE FIQUE CLARO QUE A MAIORIA DAS REGIONAIS QUE VOTARAM PELA CONTINUIDADE DA GREVE SÃO REGIONAIS ENORMES (COM MUITOS PROFESSORES) E MUITAS REGIONAIS QUE VOTARAM PELA SUSPENSÃO DA GREVE, SÃO MUITO MENORES, E NÃO TIVERAM A MAIORIA DOS PROFESSORES A FAVOR DA SUSPENSÃO, OU SEJA, NÃO É A MAIORIA DOS PROFESSORES QUE QUER SUSPENDER A GREVE!!! Como li no seu blog: durante a assembleia “(…) a única comemoração unânime aconteceu quando foi anunciada a decisão do desembargador José Gaspar Rubick, negando o pedido de suspensão da liminar que determinou ao governo a devolução dos descontos feitos nos salários dos professores grevistas.” Eu e minha amiga chegamos a parar de vender bombons para podermos chorar de alegria. (Veja que triste, chorar de alegria pela pequena conquista!). Não precisa voltar e ler de novo, é isso mesmo: nós, professoras pós-graduadas vendendo bombons na assembleia. E nos outros dias, trabalho em uma cafeteria para pagar as minhas contas durante a greve, nos momentos que não estou nas manifestações. Isso é apenas um recado para o governo de que nós conseguimos nos virar, mesmo se o desconto fosse mantido. Temos garra, força e vontade de lutar, não morreremos de fome durante a greve, pois aprendemos a nos virar quando ela não existe. Durante o ano letivo normal, saio da escola às 17h30min e vou trabalhar em uma cafeteria para aumentar a minha renda. É justo que o professor tenha que fazer “bicos” para sobreviver? Colegas meus fazem 60h semanais, outros pintam casas, vendem cosméticos, fazem artesanato etc. Quase todos os professores tem um trabalho extra, para que possam complementar a renda e dar conta de honrar seus compromissos financeiros. Por falar em “honrar compromissos financeiros”, quando o Governo vai criar vergonha e cumprir a Lei, honrando seu compromisso? Quando ele vai honrar seu compromisso com a Educação, saúde e segurança tão comentado em sua campanha? Como Chaplin já disse: “É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas só mistificam. Não cumprem o que prometem, jamais o cumprirão.” Temos que reverter essa história, estamos em batalha há 50 dias. Não só os alunos perdem, nós também estamos perdendo: dignidade, estabilidade física, psíquica e emocional, (sem falar da regência e outras retiradas da nossa folha de pagamento…). Porém, como estamos lutando também por concurso público, eleições para diretores entre outros, os benefícios para a sociedade, que podem ser conquistados com a greve, são incomensuráveis. Se voltarmos da greve acuados, humilhados, desmoralizados e com o ano letivo comprometido, podem ter certeza que perder o ano será a mais leve das perdas para os alunos. Diante de salários tão ínfimos, quem vai querer ser professor? O estado continuará contratando substitutos desqualificados que acabaram de entrar na faculdade e ainda não têm como “bancar” uma sala de aula. A perda para nossos alunos não se resume a “perder o ano”. Continuaremos a ter diretores indicados por política que nada fazem pelas escolas (não todos, claros!). Continuaremos a ter professores medíocres, incapacitados, que se submetem a um salário de miséria por falta de opção ou por falta de capacidade para um emprego melhor (não todos, claro!), entre tantos outros problemas que refletem diretamente nos alunos. É isso que a sociedade quer para seus filhos? Não sejam hipócritas nos criticando por nossa causa principal ser o “dinheiro” (Piso, Lei – 11.738). Não sejam hipócritas em nos criticar porque estamos exigindo o cumprimento de uma Lei Federal que beneficia quem estudou, quem tem formação superior. Não sejam hipócritas porque ninguém vive sem dinheiro. Venham conhecer a realidade das escolas, a tristeza, sujeira, depredação, maus tratos em que está nossa educação. Profissional bem remunerado trabalha melhor, sim! Professor não é missionário ou sacerdote para não receber salário digno. Professor é trabalhador e deve ser MUITO bem pago por isso. Professor atende, em média, 30 alunos ao mesmo tempo, 40h semanais. Aliás, deveria ser a classe mais bem remunerada do país, pois TODOS passam por nós! Então, só se você consegue viver sem dinheiro é que pode nos criticar neste momento. Se você precisa de dinheiro para (sobre)viver, não seja hipócrita em achar que nós não precisamos!!!
 Em nome de todos os professores em greve: OBRIGADA A TODOS QUE NOS APÓIAM!  Para os que ainda não entenderam: informem-se antes de Criticar! Ao governo:
A GREVE CONTINUA! Obrigada! Analu Burigo Haushahn.”

Um comentário:

  1. URGENTE ARARANGUÁ!
    Não deixem de ler e divulgar essas informações. É O NOSSO PLANO DE CARREIRA QUE ESTÁ EM JOGO!!!

    http://sintesaojose.blogspot.com/2011/07/agenda-da-greve-importantissimo.html

    http://escolarosatorres.blogspot.com/2011/07/juridico-confirma-plc-e-golpe.html

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